A fotografia fine art brasileira vem ganhando destaque pela sua diversidade estética e profundidade conceitual. A seguir, apresentamos seis artistas contemporâneos que transformam a fotografia em linguagem poética, crítica ou sensorial — cada um com uma trajetória distinta e inspiradora.
1. Claudia Jaguaribe
Cláudia Jaguaribe é uma fotógrafa carioca que transita entre São Paulo e Rio de Janeiro, e vem se destacando por seu olhar sensível e investigativo sobre o ambiente urbano e as transformações da paisagem. Sua obra se debruça sobre temas como a relação entre natureza e cidade, o meio ambiente e a representação do real sob uma perspectiva mais conceitual.

Palma Filia
Sua produção vai além da fotografia tradicional, explorando também suportes como vídeo, livros e instalações que mesclam imagem e escultura. Um bom exemplo dessa abordagem é a exposição “Quando eu vi a Flor do Asfalto”, apresentada em 2022 na Galeria Marcelo Guarnieri, em São Paulo. Nela, Cláudia reuniu séries como “Flor do Asfalto” (2020) e “Jardim Imaginário” (2019), além do fotolivro Asphalt Flower, publicado na França pela Éditions Bessard.
Reconhecida dentro e fora do Brasil, Cláudia Jaguaribe tem obras em acervos de instituições importantes como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, o Instituto Inhotim e o Itaú Cultural.
🔗 Site oficial: claudiajaguaribe.com.br
Instagram: @cjaguaribe

Séria “Flor Do Asfalto” – A natureza real e inventada.2022
2. Bruno Militelli
Bruno Militelli é um fotógrafo de São Paulo que transforma pequenos detalhes da natureza em grandes protagonistas de suas imagens. Seu trabalho é focado na macrofotografia, técnica que permite registrar o que muitas vezes passa despercebido a olho nu — como texturas, gotas d’água, folhas, insetos e flores.
Com um olhar calmo e cuidadoso, Bruno cria fotos que lembram cenas de sonho, cheias de silêncio e beleza. As cores, a luz e a composição revelam sua sensibilidade em observar o mundo de perto, tornando simples elementos naturais em imagens fortes e poéticas.
🔗 Site oficial: brunomilitelli.com

Série fineart – “Hidrofóbico” 2019
3. Luiz Braga
Luiz Braga é um fotógrafo pernambucano radicado em São Paulo, cuja obra se destaca pela exploração da cultura popular e das paisagens humanas do Brasil, com um olhar poético e antropológico. Sua fotografia fine art combina elementos documentais e artísticos, capturando a essência de comunidades tradicionais, festas populares e a relação entre o homem e seu entorno. Seu trabalho reflete uma profunda conexão com as raízes culturais do Nordeste brasileiro, abordando temas como identidade, memória e resistência cultural.

netuno em barcarena, década de 90
Com uma abordagem que valoriza a luz natural e composições intuitivas, Luis cria imagens que transmitem emoção e narrativa. Um de seus projetos mais conhecidos é a série “Fé e Folia” (2018), que documenta celebrações populares como o Maracatu e o Bumba Meu Boi, exibida no Museu da Imagem e do Som de São Paulo. Suas fotografias também integram coleções em instituições como o Museu de Arte do Rio (MAR) e a Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Barqueiro Azul, Luiz Braga
Site oficial: luizbraga.fot.br
4. Patricia Borges
Patricia Borges é uma fotógrafa e artista visual cuja obra explora a delicadeza do corpo, da matéria e do tempo. Com um trabalho que flerta com a fotografia experimental e o universo da arte contemporânea, Patricia propõe imagens que muitas vezes se constroem a partir do efêmero seja pela ação do tempo, da natureza ou das intervenções humanas.

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Seus projetos costumam nascer de uma pesquisa cuidadosa sobre temas como memória, silêncio, paisagem e território. Com exposições em diversas instituições culturais no Brasil, Patricia é uma das artistas que vem ampliando os limites da fotografia fine art no país, ao propor uma relação sensorial e subjetiva entre imagem e espectador.
🔗 Site oficial: patriciaborges.com
Instagram: @patriciaborges_pb
5. Fernando Schmitt
Fernando Schmitt é um fotógrafo gaúcho cujo trabalho explora a cidade como espaço de poesia e observação. Na série Flâneur, ele percorre os centros urbanos como um observador silencioso, captando cenas cotidianas que revelam gestos simples, geometrias sutis e contrastes de luz e sombra. Suas fotografias em preto e branco têm forte influência do cinema e da literatura, evocando um olhar contemplativo e sensível sobre o urbano.
🔗 Site oficial : fernandobschmitt.myportfolio.com
Instagram: @fximiti

Série “Flâneur” – 1998 – 2007
6. Rogério Reis
Rogério Reis é um fotógrafo carioca, nascido em 1954 no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Com uma carreira que abrange mais de quatro décadas, Reis é reconhecido por sua abordagem única que combina fotografia documental e fine art, explorando questões urbanas e sociais com um olhar crítico e poético. Sua obra reflete a vibrante cultura carioca, capturando a essência da cidade através de temas como o carnaval de rua, a vida nas praias e as dinâmicas sociais das periferias.
Formado em Comunicação Social pela Universidade Gama Filho, Reis iniciou sua trajetória na fotografia nos anos 1970, estudando no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ) com professores como George Racz e Dick Welton. Sua carreira como fotojornalista inclui passagens por veículos de destaque, como Jornal do Brasil, onde foi editor de fotografia entre 1991 e 1996, O Globo e Veja. Em 1989, fundou a agência Tyba, que atua até hoje, promovendo um acervo de imagens brasileiras.

RogerioReis, palhaco e menina
Uma de suas séries mais emblemáticas é Na Lona (1986-2001), na qual documentou o carnaval de rua do Rio de Janeiro, registrando a diversidade de fantasias, a crítica política e a espontaneidade das comunidades periféricas. Este trabalho, que rendeu o Prêmio Nacional de Fotografia da FUNARTE em 1999, resultou em exposições e no livro Carnaval na Lona (2001). Outra série notável é Nobody’s Nobodies (2011-2014), onde Reis explora a vida nas praias cariocas, cobrindo os rostos dos banhistas com círculos coloridos, questionando o direito à imagem em espaços públicos de forma humorística e conceitual, remetendo a artistas como John Baldessari.

nalona
Seu trabalho também ganhou projeção internacional, com obras em coleções de instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Museu de Arte do Rio (MAR), Maison Européenne de la Photographie (Paris) e The Fogg Art Museum (Cambridge, EUA). Reis inspirou o personagem homônimo no filme Cidade de Deus (2002), de Fernando Meirelles, e sua fotografia de Carlos Drummond de Andrade em Copacabana tornou-se ícone, servindo de base para uma escultura na praia.
Site oficial: rogerioreis.com.br
Instagram: @rogerio_reis_fotografia
Conclusão
Esses artistas representam a diversidade e a riqueza da fotografia fine art no Brasil, cada um explorando diferentes técnicas e temáticas para expressar sua visão única. Seja você um fotógrafo profissional ou iniciante, conhecer o trabalho desses artistas pode oferecer novas perspectivas e inspirações para sua própria prática fotográfica.
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