A fotografia de natureza tem o poder de nos transportar para paisagens remotas, revelar a vida selvagem em seu estado mais puro e despertar nossa consciência ambiental. No Brasil, alguns fotógrafos se destacam por capturar imagens impressionantes que unem técnica, sensibilidade e um profundo respeito pela natureza. Neste artigo, apresentamos cinco nomes essenciais que você precisa conhecer — artistas que estão moldando a forma como enxergamos o mundo natural.
1. Adriano Gambarini – O olhar do cientista e do artista
Adriano Gambarini é um dos nomes mais respeitados da fotografia de natureza no Brasil. Com formação em Geologia pela USP e atuação como espeleólogo, ele alia o rigor científico à sensibilidade artística de maneira rara. Seu olhar é moldado tanto pelas experiências em campo quanto pelo conhecimento técnico dos processos naturais, resultando em imagens de forte impacto visual e documental.
Fotógrafo colaborador da National Geographic Brasil há mais de duas décadas, Gambarini já participou de mais de 80 expedições científicas, retratando desde cavernas profundas e formações rochosas até florestas exuberantes e comunidades tradicionais. Sua obra é um verdadeiro convite à contemplação — e também à reflexão — sobre os biomas brasileiros e sua complexa relação com o ser humano.
Uma das marcas de seu trabalho é o uso preciso da luz para valorizar texturas, relevos e sombras em ambientes de difícil acesso, como grutas e cavernas do Cerrado e da Amazônia. Suas imagens nos transportam a territórios pouco explorados, despertando tanto o fascínio quanto a consciência ambiental.
Além de fotógrafo, Adriano é autor de diversos livros e atua como palestrante em temas relacionados à conservação ambiental, fotografia e expedições. Sua contribuição vai além da arte: ele é um mediador entre ciência, cultura e natureza, usando a fotografia como linguagem universal para comunicar a beleza — e a urgência — da preservação ambiental.

China, Kashgar, Deserto de Gobi
2. Ricardo Martins – Narrativas visuais da Mata Atlântica
Ricardo Martins é um contador de histórias visuais que transforma a fotografia de natureza em um elo sensível entre o ser humano e o meio ambiente. Com formação em biologia e uma sólida carreira como fotógrafo documental, ele dedica-se há mais de 15 anos a registrar a riqueza da Mata Atlântica e de outros ecossistemas brasileiros.
Seu trabalho vai muito além do aspecto estético: ele mergulha nas relações entre natureza, cultura e território. Cada imagem é cuidadosamente construída para emocionar, informar e provocar reflexão. Ricardo tem um talento especial para captar momentos fugazes — um olhar de um tamanduá, a luz filtrada entre as árvores, o voo inesperado de uma ave — que revelam a beleza silenciosa da vida selvagem.

Os Últimos Filhos da Floresta
Autor de diversos livros, como A Natureza do Brasil e Terra Brasilis, Ricardo Martins também conduz oficinas, projetos educativos e documentários que aproximam o público das questões ambientais de forma didática e poética. Seu compromisso com a educação ambiental é uma extensão natural de sua obra fotográfica.
Além disso, sua atuação junto a comunidades locais, especialmente em áreas de preservação, confere um caráter humano e ético à sua produção. Ele entende que proteger a natureza é também proteger modos de vida, saberes ancestrais e vínculos afetivos com o território.
Com exposições no Brasil e no exterior, Ricardo Martins é hoje um dos principais nomes da fotografia de natureza voltada à conservação e à formação de uma nova consciência ecológica.
3. José Sabino – A ciência como guia para a imagem
José Sabino é um dos maiores expoentes da fotografia científica no Brasil, com uma carreira que une paixão pela natureza, rigor acadêmico e compromisso com a educação ambiental. Doutor em Ecologia e professor universitário, ele transformou seu conhecimento científico em uma linguagem visual acessível e poderosa, capaz de emocionar e informar públicos diversos.
Sua especialidade é a fotografia subaquática — um universo ainda pouco explorado no Brasil, especialmente em ambientes de água doce. Sabino mergulha nas águas transparentes do Pantanal, da Serra da Bodoquena e de outros rios brasileiros para revelar ecossistemas invisíveis à maioria das pessoas. Com domínio técnico absoluto e uma sensibilidade apurada para a luz e o comportamento animal, ele constrói imagens que parecem saídas de um sonho — mas são registros reais, preciosos e documentais.

Piraputangas ©️José Sabino
Fundador do projeto Natureza em Foco, ele utiliza a fotografia como ferramenta de divulgação científica e sensibilização ambiental. Suas fotos são acompanhadas de textos educativos e dados ecológicos, funcionando como uma ponte entre o conhecimento acadêmico e o grande público. Além disso, Sabino é autor de livros premiados e atua em iniciativas de conservação da ictiofauna (fauna de peixes) e dos ecossistemas aquáticos brasileiros.

Saxatilia lepidota ©️José Sabino
O diferencial de seu trabalho está na coerência entre ética, conteúdo e estética. Ele fotografa com responsabilidade, respeitando o comportamento dos animais e o equilíbrio dos habitats. Suas imagens não apenas encantam — elas ensinam, questionam e inspiram ações concretas em prol do meio ambiente.
Com esse perfil híbrido de cientista, artista e educador, José Sabino redefine o papel do fotógrafo de natureza no século XXI.
4. André Bittar – Um olhar sensível sobre o cotidiano natural
André Bittar é um fotógrafo que vem conquistando espaço no cenário da fotografia de natureza brasileira com um trabalho marcado pela sensibilidade, poesia visual e forte conexão com o ambiente nordestino. Suas imagens exploram as nuances da luz, dos tons quentes da vegetação semiárida e da fauna regional, revelando uma natureza muitas vezes negligenciada nas grandes narrativas ambientais.
Com formação em Comunicação e uma atuação que também passa pelo fotojornalismo, Bittar desenvolveu uma linguagem visual que valoriza tanto o detalhe quanto a atmosfera. Em seu portfólio, o cotidiano natural é retratado com lirismo — gotas de orvalho em folhas, texturas de cascas, silhuetas de animais sob o céu do sertão. Ele transforma o familiar em sublime.

Andre Bittar
Sua presença ativa no Instagram tem ampliado o alcance de seu trabalho, aproximando um público urbano da riqueza visual do interior do Brasil. Mais do que uma vitrine, suas redes funcionam como um espaço de troca, onde a natureza é celebrada em sua beleza real, sem excessos de edição ou filtros que distorcem a paisagem.
Além disso, Bittar é um observador atento das relações entre homem e ambiente. Em muitas de suas séries, é possível notar como os elementos construídos — cercas, estradas de terra, pequenas casas — convivem com o cenário natural de forma harmônica ou, por vezes, tensionada. Essa abordagem expande a fotografia de natureza para o campo do documento social, tornando seu trabalho ainda mais relevante no contexto atual.

Andre Bittar
Com composições cuidadosas e uma estética que valoriza o essencial, André Bittar mostra que é possível praticar uma fotografia de natureza mais próxima, intimista e autêntica — uma arte que nasce do encantamento com o que está ao redor.
5. Araquém Alcântara – O mestre da fotografia de natureza no Brasil
Araquém Alcântara é uma lenda viva da fotografia brasileira. Pioneiro no registro sistemático dos biomas do país, ele foi o primeiro fotógrafo a documentar todos os parques nacionais do Brasil — um feito monumental que reflete não apenas sua paixão pela natureza, mas também seu compromisso político e cultural com a preservação do patrimônio ambiental brasileiro.
Com mais de 50 livros publicados e um acervo de milhões de imagens, Araquém construiu um corpo de obra que transcende o campo da fotografia para se firmar como um projeto de memória nacional. Suas fotos não apenas retratam paisagens deslumbrantes — elas denunciam, sensibilizam, educam e resistem. Há um senso de urgência em sua arte, uma força que pulsa entre a contemplação e a denúncia.
Ao longo de sua trajetória de mais de quatro décadas, ele registrou a Amazônia, o Pantanal, o Cerrado, a Caatinga e diversos outros territórios, revelando a riqueza — mas também a vulnerabilidade — desses ecossistemas. Em sua abordagem, há uma busca constante por dignidade, tanto da natureza quanto das pessoas que vivem em conexão com ela, como indígenas, ribeirinhos e sertanejos.
Araquém é também um mestre da luz e da composição. Seu domínio técnico é inegável, mas o que realmente distingue sua obra é a intensidade poética e o olhar profundamente humanista. Ele não fotografa apenas o que vê, mas o que sente — e faz com que o espectador sinta junto.

Araquém alcantara
Com exposições internacionais, prêmios e obras em coleções públicas e privadas, Araquém Alcântara é mais do que um fotógrafo: é um guardião da natureza brasileira, cuja câmera é uma extensão de sua missão de preservação, justiça ambiental e celebração da vida.
Fotografia de natureza como arte e ativismo
A fotografia de natureza, como arte e ativismo, transcende a mera contemplação visual ao entrelaçar beleza e propósito. Cada clique é um ato de resistência contra a destruição ambiental, revelando tanto a majestade de ecossistemas intocados quanto as cicatrizes deixadas pela ação humana.
Esses artistas-ativistas utilizam suas imagens para amplificar vozes silenciadas — de florestas, rios e espécies ameaçadas —, inspirando ações concretas de conservação. Suas obras, exibidas em galerias, redes sociais ou campanhas globais, desafiam o espectador a não apenas admirar, mas a se engajar na luta por um futuro sustentável, transformando a arte em um poderoso catalisador de mudança.
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